[C] – The Money of Soul and Possibility – Primeiras impressões

Vamos deixar uma coisa clara antes de começar esse post: Eu gostei de [C] – The Money of Soul and Possibility. Ok, agora vamos lá.

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Nesta quinta-feira estreiou o tão aguardado [C] – The Money of Soul and Possibility no bloco Noitamina. Possivelmente o anime mais aguardado por mim nesta temporada de primavera, vocês podem imaginar o hype grande que eu criei sobre esta obra. Por mais que eu espere algo, é difícil eu criar essa expectativa em cima da forma que fiz com [C]. Seja pelo plot interessante – A influência do dinheiro nas relações sociais em uma sociedade em decadência – ou por lembrar com saudades outro anime do bloco, Higashi no Eden, acabou que eu fui assistir esse anime esperando por uma obra-prima. Me decepcionei.

Mas vamos mais devagar, precisamos contextualizar as coisas para poder criticar. [C] é um anime original dirigido por Kenji Nakamura (Mononoke, Ayakashi, Kuuchuu Buranko) e com roteiros e composição geral de Takagi, Noboru (Durarara!!, Bacanno!). No seu enredo temos Kimimaro Yoga, universitário do curso de economia com uma personalidade bastante pragmática, reflexo da sociedade onde vive, cheias de inseguranças sociais e principalmente econômicas. Apesar de não ter sido muito aprofundando neste primeiro episódio, é possível perceber por algumas passagens e diálogos que o Japão representado está em forte crise, com o mundo do trabalho muito instável e as relações sociais abaladas; suicídios, violência, vidas sem propósitos. Neste contexto, Yoga se apresenta como um rapaz esforçado e realista; seu plano é passar em um concurso público para conseguir um pouco de estabilidade e segurança o suficiente para depois constituir família.

É justamente por essa aproximação com a realidade que me decepcionei, mas ainda não é hora.

Yoga, além de estudar (tanto para a universidade, quanto para um futuro concurso), também trabalha em dois lugares diferentes, sempre buscando gastar o mínimo possível, até por que o que ganha não o permite desfrutar de gastos superficiais.

Paralelo ao mundo “normal” temos (e o anime não procura criar nenhuma expectativa, mostrando desde o começo) o bizarro e psicodélico Distrito Financeiro. Quando eu li as primeiras coisas sobre [C], acreditei que esse distrito seria uma espécie de submundo ilegal, mas não, aqui o cenário é totalmente à parte do mundo real, com um ambiente que desafia toda a lógica física. No Distrito Financeiro tudo é regido pelo dinheiro do banco “Midas”. Este banco possibilita a alguns indivíduos (aparentemente) aleatórios o acesso a grandes quantidades de dinheiro, mas exige da pessoa que ela entre para esse outro lado, aceitando suas regras. Regras essas que podem levar a consequências fatais.

Yoga então acaba sendo escolhido para receber este dinheiro, e apesar de relutar inicialmente, discutindo brevemente a moralidade desse fato com alguns colegas de trabalho (e possivelmente a melhor parte do episódio), o rapaz acaba caindo na tentação, sacando parte do dinheiro e entrando para esse outro mundo. Aqui é interessante notar a desconstrução do suposto personagem esforçado e moral. No fim o dinheiro sempre falará mais alto.

Você deve estar pensando “Esse cara ficou maluco? Esse anime parece ser fenomenal! Como que foi decepcionante?!”. Ok, realmente parece, o problema é que [C] carrega muito mais uma imagem de cool do que de fenomenal. Ainda que o cool seja ótimo, não era isso que eu esperava.

O Distrito Financeiro, como já disse, é um lugar psicodélico, e aqui pode-se pensar em influências de filmes como “A origem” e no clássico “Alice no país das maravilhas”. Tudo neste mundo é feito com base no dinheiro, simbolicamente enegrecido para mostrar a corrupção que ele pode causar. Menos simbolicamente, porém, o acesso ao dinheiro fácil acaba sendo resolvida com batalhas bem físicas, ao estilo “Escolhidos e Digimons”. Realmente espero que esse lado de lutas seja apenas um máscara para mostrar com o passar dos episódios o lado mais psicológico e social das influências econômicas nas nossas relações com o mundo. Eu realmente espero.

Além disso, outra ponta de decepção fica a cargo da animação do estúdio Tatsunoko. Com seu traço vazio, plástico, sem detalhes, apoiando-se excessivamente no CG (que não fica reservado apenas aos objetos, mas também são usados nos personagens principais), perde-se um pouco da experiência. Não que eu acredite que uma animação seja o ponto chave para a qualidade de um anime, longe disso, mas esperava mais esmero. Juntando isso com o afastamento do foco psicológico esperado, as coisas começam a não agradar tanto.

Comparando o investimento feito em outro anime da Tatsunoko nesta temporada, Sket Dance, é possível ver com facilidade qual foi maior (o que é plausível, estamos falando de um anime baseado em um manga da Jump e um original de um bloco da madrugada).

[C] ainda tem tudo para sair do cool e entrar na parte de animes inesquecíveis. Para isso, pelo menos para mim, não poderá se apoiar em seu lado mais visual, mas explorar a sua forte base que é a questão financeira. E isso o anime mostra sinais de que pode fazer quando se vê a ótima abertura que chega a destoar um pouco desse primeiro episódio.

Não precisam jogar pedras em mim, eu gostei das primeiras impressões que tive com [C], provavelmente é culpa minha ter esperado A de B. Ainda torço que o A seja A mesmo, mas se não for, com certeza [C] não será nenhum disperdício. Mais do que recomendado.

27 respostas em “[C] – The Money of Soul and Possibility – Primeiras impressões

  1. Não avisei agora a pouco que a parte do Crossover de Digimon com Yugi Oh que ia causar toda a controvérsia?

    Eu preferia que a Toei tivesse animado, mas a Tatsunoko está se esforçando.
    O uso do CG é justamente para compensar um pouco da falta de dinheiro no orçamento (irônico não?), mas estão usando com prudência em momentos que fica menos aparente.

    E a culpa da decepção é toda sua. Não foi dito praticamente nada da série antes da estreia, e os poucos trailer fizeram questão de exaltar totalmente a parte surreal para já matar qualquer expectativa.
    Eu que nem os tinha visto, acabei tento reação inversa, vendo aquele mundo surreal de cara e depois me tranquilizando com a entrada do mundo real.
    Mas… espere por uma série bem louca. Com esse trio aí não pode ser de outra forma. Contudo, pelo menos eles fazem um surreal direito e com “lógica” (paradoxo)?

    Agora alguém me explica: em qual sentido, motivo ou circunstância isso lembra Inception?

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    • @Panina

      De fato a culpa da decepção é minha, tanto por isso eu ressaltei os pontos fortes do anime e deixei claro que achei bom, só nas questões pessoais que eu criei em cima dele é que eu me decepcionei.

      E sobre Inception, bem; mundo “paralelo”, surreal, desafio às leis da física, arquitetura surrealista.

      Gyabbo!

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  2. Eu odeio criar expectativa elevadas sobre qualquer coisa (ainda que seja algo que independa da minha vontade) justamente por isso, porque as possibilidades de atender a elas são sempre mais baixas que as de se decepcionar.
    Deixando o discurso pessimista de lado, eu havia lido uma review falado consideravelmente bem da série, mas o seu texto serviu de contra peso, e me permitirá assistir à série de forma mais “neutra”, por assim dizer.

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  3. Ah… que decepção com vocês todos.
    Grande decepção, sério.
    Com todos que disseram e pensaram em Inception ao assistir [C].
    Parece que nunca assistiram anime surreal, nem mesmo nunca viram uma história surreal em outra mídia… por favor.

    Assistam “Strange Story of a Dream Sphere Dealer” e catem os caquinhos dos seus queixos caídos depois.

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  4. Denys, voce achou em algum lugar o anime AonoHana para baixar? ele estreiou ontem, mas ainda não vi ninquem traduzir ele…

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  5. eu não sabia nada sobre o anime, a não ser a curta sinopse das listas de lançamento da temporada, o logotipo da serie e que é do Noitanima. Pelas outras séries do bloco que eu ja havia assistido, esperava também um anime mais realista e tal. Mas o surrealismo e a proposta da série me surpreenderam positivamente. Eu adoro essas histórias com mundos paralelos e absurdos, e eu gostei do traço e dos personagens. Vejo muita gente reclamar do traço e da animação das obras da Tatsunoko, mas eu pessoalmente gosto. Seja por falta de verba ou por estilo, nunca me decepcionei com a qualidade de nada que assisti deles recentemente (e convenhamos: a Tatsunoko tem sobrevivido de nome faz um tempo. Pouco destaque, poucos projetos grandes e etc.) Talvez eu apenas seja pouco exigente nesse quesito, lol.
    Enfim, como você mesmo disse, seja esse anime “Sensacional” ou apenas “Cool”, parece ser uma boa série para acompanhar.

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  6. “provavelmente é culpa minha ter esperado A de B”

    Sim, creio que seja BEM isso mesmo.

    Gente, só eu que associei na hora, inclusive pela OP (que vi antes de baixar) o anime a uma versão mais “adulta” de Megami Tensei. série que Persona faz parte?

    Sério, demônios oferecendo ajuda financeira, tendo lutas entre si e tudo mais. As batalhas creio que vão continuar existindo, mas note que o OPEN DEAL dito no início remonta a uma aposta financeira aquela batalha. Pode ser que naquele “mundo alternativo” seja uma batalha mas no real seja um simples investimento na bolsa de valores. Vou aguardar para ver se tem correlação memso ou não, mas acho que independente disso é uma ideia bem legal.

    Eu pessoalmente não esperava nada além de um anime que abordaria um Japão com crise financeira ou algo sobre dinheiro. Mais nada, então por isso não criei expectativas e curti amarradão! HUAHUAHUAUHHAUHUA…

    PS: SKET Dance está ótimo e ED de The Pillows (sou fã deles) me conquistou de vez *-*~

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  7. AH SIM! Alguém notou que na ED aparece aos 21:27 a inscrição “ED sequence for noitamina 26th episode… has no name, but it called ‘C'”? Pq episódio 26? O.õ

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  8. [i]AH SIM! Alguém notou que na ED aparece aos 21:27 a inscrição “ED sequence for noitamina 26th episode… has no name, but it called ‘C’”? Pq episódio 26? O.õ[/i]

    PUTZ! É verdade mesmo. Os FDP estão trollando a gente, só pode XP

    O anime é foda, mas é impossível não se remeter (ui XP) a imagens de vários outros (tanto anime, filmes, mangás e games) que tiveram coisas parecidas neste primeiro episódio. Pra alguém pode soar como uma colcha de retalho de clichês (não taquem pedras, escolha uma bolinha de papel pelo menos XP), o que pode incomodar bastante. Mas eu achei um primeiro episódio muito bom, apesar de que o protagonista foi induzido a força a fazer lá o “pacto” com o diabo. Eu acho que poderiam ter usado uma forma melhor de ele ter sentido necessitado em correr esse risco – achei que tiveram um infeliz senso de urgência em fazer a história andar IMO.

    É isso XD

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  9. Eu também fiquei decepcionado, talvez por ter idealizado uma coisa totalmente diferente do que foi propriamente apresentado neste episódio. O tema é interessante, espero que não seja apenas uma desculpa para batalhas à Yu Gi Oh, e animação não me incomodou muito, lembrou-me Kuchu Buranko em algumas cenas, o que é nostálgico. É para acompanhar mas julgando pelo os primeiros episódios, Anohana é que me conquistou. A OP, apesar da criatividade nas sequencias que envolve dinheiro, é totalmente “esquecivel” e o ED ficou com cara de Eden of the East wannabe. Oh well, que venha o próximo.

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  10. Não tive a mesma “decepção” – exceto pelo esquema de lutas “a la digimon”. O potencial da série, como você bem ressaltou, é muito grande e também estou na mesma expectativa em relação ao que será apresentado. Também esperava algo parecido com o que você esperava para o Distrito Financeiro, entretanto gostei da “loucura” de misturar elementos tão distintos (fantasia (?) e sistema econômico). No mais, acho que é uma das melhores pedidas da temporada.

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  11. É interessante observar como as opiniões foram divergentes na maioria dos aspectos.
    Mas foi unânime que todos gostaram do anime e todos detestaram a aparição do “Monsters Battle”. Uma ótima pedida do noitamina, mas será fato que o bloco novamente não vai engatar a audiência (veremos isso a partir dos respectivos 3-4º capítulos dois dois animes do Noitamina).

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  12. Panina, vc se apaixonou mesmo pelo primeiro epi de C XP

    Mas devo dizer que Higashi no Eden teve um primeiro episódio MUITO SUPERIOR e melhor trabalhado do que C. E acho que no resto do anime vai ser assim tb. Só que eu nem gosto de comparar os 2. Eles tem pouca em comum – apesar de que a sinopse lançada antes do anime ir ao ar te forçava antes a essa comparação, e por isso o pessoal se decepcionou depois de ver o que ele realmente é.

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  13. @Mirukage

    Cara, eu gostei do muito pouco mostrado das batalhas, então já não é unanimidade alguma XD

    Do pouco que notei percebi um “demônio” escolhido (pq o tiozinho lá tinha um roubado da Beato de Umineko!) e vc vai lutar com a grana que tem, pq notei que eles juntam um pouco de dinheiro na mão para materializar a arma que o “mestre” usa. Ou seja, não é algo parado do tipo “escolho o Mago Negro” e o seu summon ataca. E como disse, essa doideira ocorre no mundo fantasioso, e nada impede que tenha uma contraparte no mundo real, então fico esperando para ver como eles “fazem negócios” (alusão as batalhas é clara a fazer negócios) XD

    E a decepção de vcs vem por esperarem um “novo Higashi no Eden” do que abrir a mente e curtir o anime sem compromisso. Vou curtindo ele como quem vê Megami Tensei no mercado financeiro e pronto hahahahahaha…

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  14. Panina, nem disse o contrário, claro que Eden of the East não é um poço de originalidade e nem é isso que está em causa, a música do ED lembra-me um pouco a de Eden of the East (eu sei que é a mesma banda que canta) e os visuais também, por isso que chamei-o “wannabe” porque é esta que a impressão que dá para mim.

    O episódio decepcionou-me por ter esperado algo completamente diferente, acontece, não quer dizer que vou ficar a lamentar para sempre, vou ver o anime a espera que explore bem o tema e não que fique apenas numa batalha entre o bem e o mal. C tem imenso potencial, é esperar para ver como isto irá desenvolver.

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  15. Todo mundo viu que o encerramento lembra EotE, mas daí a ver a semelhança e ficar comparando a série inteira é bem diferente.

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  16. Assisti sem a expectativa do Gyabbo (expectativa com que, se eu nem sabia o que era? nem dos trailers eu fiquei sabendo – ou nem procurei saber), mas ainda assim concordei com tudo que o texto diz (menos a parte da animação… não vi nada de errado ali, não chegou a atrapalhar nada).

    Mesmo o animê mostrando o tal Distrito Financeiro logo na primeira cena, saber que eles decidiram abordar um assunto tão interessante mas precisaram amaciar a questão com lutinhas a là Digimon é decepcionante.
    Curiosamente, o Slowpoke aqui assistiu pela primeira vez, no mesmo dia que assitiu [C], Kaiji. E, como acredito que o tema seja bem próximo, prefiro mil vezes a abordagem de Kaiji.

    [mas… da onde vc tirou Inception, meu filho?]

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  17. Panina, mas quem disse que eu estava a comparar a série toda? :S até porque é muito cedo para ter uma opinião formada, o que digo não passa de primeiras impressões. Isto do wannabe referia apenas ao ED nada mais porque mesmo partilhando alguns aspectos semelhantes ao de Eden of the East, C seguirá o seu próximo caminho (assim espero), o que deixou bem claro neste episódio.

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  18. Até o momento estou gostando do animê, é claro que lembra digimon, yugioh, pokemon e outras tranqueiras que tem por aí, o fato é que ficamos mal acostumados em ver tal gênero ser ruim. Com enredo e animação de qualidade pode ser bom e servir de exemplo pra outros. As vezes muita originalidade sem um pouco de clichê, deixa a desejar.

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  21. Interessante, porque, indo na direção oposta, a aproximação com a realidade é aquilo que mais me interessou no anime. Eu vejo [C] mais como uma metáfora da crise econômica e por isso eu vejo assim.

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  22. Eu amei C mas achei que não deviam ter cortado nas batalhas e sim prolongado o anime para poder demonstrar o bom que tem C para mostrar. Quanto a nivel visual, eu gostei muito mais deste tipo que o comum. Aconcelho o anime.

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