Tsuritama – Conclusão

Talvez não seja um conhecimento tão comum aqui no Brasil com seus milhares de lugares para comer sushi e temaki, mas o gengibre que acompanha as iguarias tem uma função bem particular: limpar o paladar entre um prato e outro

Ao falar de Tsuritama, anime que fez a dobradinha na temporada de Primavera com Sakamichi no Apollon no bloco noitaminA, acredito que esta é a melhor definição para essa obra, uma verdadeiro gengibre; não vai marcar com seu gosto, mas é bom para limpar o seu “paladar” entre uma série e outra.

Produzido pelo estúdio A-1 Pictures, já era perceptível nos primeiros episódios essa sensação de refrescância causada pela utilização de uma arte estilizada, sem grandes texturas, mas com um uso equilibrado e eficiente de cores fortes e claras pela design de cores Kanako Hokari, o que combinando com a fotografia da pequena ilha de Enoshima fazia de cada episódio, se não uma experiência das mais empolgantes em questão de roteiro, uma bela apreciação.

Mas se tecnicamente Tsuritama é eficiente (e aqui é preciso ter cuidado entre ser eficiente e ser uma ótima animação ou com uma arte normalmente considerada bela como as do estúdio P.A. Works, não, a animação aqui é eficiente ao conseguir transmitir tudo que o roteiro pedia com êxito) existem problemas que impediram a série do diretor Kenji Nakamura de ter uma qualidade próxima da sua acompanhante de bloco – que afinal, também tem uma animação mais eficiente do que espetacular na maior parte do seu tempo.

Um dos principais pontos positivos vistos por mim no início de Tsuritama estava no seu protagonista. Yuki Sanada foi milimetricamente construído nos momentos iniciais para ser um personagem crível e carismático com seu forte quadro de ansiedade e instabilidade emocional. Existia uma linha muito tênue entre gostar do personagem e querer vê-lo crescer e simplesmente acha-lo chato. É justamente aí que entraram os outros três personagens do núcleo de heróis dessa história onde mundo seria salvo pescando. E ele foi! Mas sem spoilers.

É dentro da maluquice que o quarteto forma (Patos, aliens que não sabem sentir emoções, problemas familiares, lendas japonesas revisitadas, organizações secretas; tudo fazia parte desses personagens) que Yuki pode ser o que é sem ser um estorvo. É dentro desse grupo aparentemente disfuncional que Kenji Nakamura se dá a liberdade criativa para construir e desenvolver até o final um personagem simples ao primeiro olhar, mas com várias camadas a serem descascadas.

Porém, se Yuki possui os outros personagens para servir de base ao seu desenvolvimento, o mesmo não pode ser dito em relação aos três que sobram. Dessa forma, o drama familiar de Natsuki que não aceita a recomposição familiar após a morte de sua mãe com a entrada de outra mulher como esposa do pai acaba soando caricato na maior parte do tempo, uma verdadeira novela mexicana em algumas partes!

Continuando, Haru, o alien feliz não convence e não consegue fazer com que o espectador se empatize com ele e sua falta de senso emocional, funcionando apenas quando está ao dispor do desenvolvimento de Yuki. Por fim, o indiano Akira – e o pato Tapioca -, na verdade um agente da Defensive Universal Confidential Keepers – ou simplesmente DUCK -, acaba sendo o mais sacrificando em prol do roteiro exprimido no caminho final, sendo forçosamente jogado em uma amizade que em nenhum momento pode ser verdadeiramente vista em tela.

Como afirmou diversas vezes o parceiro do blog Nahel Argama no Twitter, Qwerty, Tsuritama parte de uma narrativa dirigida pelo e para os personagens, o que significa que o o plot de salvar o mundo pescando estava sempre em segundo plano, uma pequena ferramenta para o primeiro plano progredir: Yuki.

Se a esperada salvação do mundo não traz emoção, o que na verdade nunca foi o propósito do anime, é ao chegarmos nas últimas cenas e vermos um Yuki confiante, mais independente e, principalmente, bem consigo mesmo, quechegamos à conclusão que Tsuritama exitou e só nos resta sorrir para essa série que não marcará ninguém, mas certamente cumpriu com o seu papel.

13 respostas em “Tsuritama – Conclusão

  1. Se Tsuritama não marcou ninguém, então eu não sou ninguém. Por enquanto, meu anime favorito do ano, mais até que seu parceiro no bloco. Ainda bem que o fracasso de C foi deixado pra traz, Kenji conseguiu fazer um anime que além de ter uma boa qualidade técnica nunca deixou de divertir e cativar. Espero mais séries assim daqui pra frente.

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  2. nãão, foi muito bom!! xD
    sério, eu gostei bastante msm da história, apesar de ter como plano de fundo algo q normalmente não me interessa: pescaria.
    Mas eu curti demais msm, me marcou bastante principalmente a abertura da série(sim eu fiz a dança de Enoshima! xD) a única coisa q eu não gostei muito foi a forma como a amizade se estabeleceu, realmente pareceu superficial, mas no final ja tinha me acostumado e parecia natural a amizade dos 4.
    Sakamichi foi bom? foi! mas não deu em mim aquela vontade de ”eu preciso ver o próximo capitulo agora” q eu tive com Tsuritama! Foi uma anime leve e carismático, sobretudo non-sense, q me fez reavaliar meus conceitos e sempre dar uma oportunidade a um anime q a sinopse ñ parece promissor. Haru é chato no começo mas eu realmente simpatizei com ele nos ultimos capitulos, Yuki teve um desenvolvimento muito bom e natural, Akira ñ teve muito desenvolvimento, a não ser nos ultimos capítulos q ele revê seus conceitos sobre aliens-q eua chei bem legal! xD, Natsuki “não cheirou nem fedeu”, Tapioca é o Divo da série!!! xD
    jah vi animes muito mais medianos (Ao no Exorcist por exemplo)q teve ares de maravilha só por ser shonen! Tsuritama foi leve e descompromissado, e me marcou sim! ^^

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  3. Tsuritama de fato teve uma grande linha de relaxamento de acordo com o anime. Sempre tinha diversas formas de nos entreter sem um humor opaco que existe nos outros animes(assim como Sakamichi).
    A verdade que vi nele foi que realmente parecia que teria um progresso vagoroso de acordo com que o personagem principal parecia muito retraído, mas o seu desenvolvimento foi indo de um jeito cativante com cada um dos personagens.
    Cada um com seu jeito diferenciado, mas todos parecendo um com outro por conta da pescaria, o que era a parte mais interessante fora os problemas cotidianos que sofriam. Porém, ainda não chega a ser um Slice of Life, como Kimi to Boku.
    Mas foi marcante por conta dos laços feitos em um tempo que parecia tranquilo e vindo a uma tempestade que estava fazendo todos terem de abandonar os locais, e por ser algo diferenciado de todos os outros teve uma marcação para cada um que viu e sentiu os problemas deles bem firmes.
    Em suma, todo o contexto dele ficou bem jogado a cara e mesmo assim fazendo quem assistia se prender a esperar o próximo capítulo. É uma pena ter tido um fim de temporada as pressas e talvez não tenha uma continuação, mas se realmente conseguissem fazer uma segunda temporada assistiria. Se tiver mesmo, espero que as dancinhas que me faziam rir a toa, e ter uma música de abertura tão viciante que combine com a própria dancinha… E sem faltar o Tapioca.

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  4. Me marcou muito mais e achei muito mais rico e sensível do que o novelão Sakamichi de final corrido. Adorei os dois, mas acho injusto dizer que Tsuritama é um ‘gengibre’ sendo que tá mais pra pato com laranja (exótico) enquanto. Sakamichi é um arroz com feijão de tempero caprichado (simples e delicioso) Aliás comparar Tsuritama com Sakamichi já é nada a ver, são dois extremos de propostas e origens diferentes.

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    • Foi a sensação que eu tive, Tsuritama não me apresentou personagens realmente marcantes (gostei apenas do desenvolvimento dado para o Yuki, os outros senti que foram forçados) e também não é focado no enredo, logo não tem muito de especial. Mas é bom, mediano, refrescante, bom pra se ver sem grandes implicações. A comparação não é de Sakamichi e Tsuritama, pelo menos o texto não traz isso, mas eles estão em um mesmo bloco que possui sua proposta e é normal pensar em um com o outro.

      Gyabbo!

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  5. Concordo com a Ana, ao dizer que é “rico e sensível”. Não achei nenhum exagero( tirando as cores) no enredo, nada ali foi martelado até me cansar, o que aconteceu de fato em Sakamichi, que não chegou nem perto de suprir minhas expectativas (e ninguem tem culpa disso). O único ponto que concordo com o texto é que Akira foi mal desenvolvido, mas quando penso nas amizades que preso, vejo que Akira se tornou parte desse grupo de amigos mais por observa-los de longe, e quando se deu conta já havia se tornando parte deles.

    Não vou dizer que me marcou, mas do meu ponto de vista, é o melhor anime deste ano! Pelo menos até o momento.

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  6. Devo discordar sobre ter sido um tira-gosto ou não marcado ninguém, talvez em comparação com Sakamichi no Apollon, que ainda não vi.

    Mas não achei o drama do Natsuki forçado. Fora aquela briga dele com a irmã q não fez sentido nenhum, as dificuldades dele com o pai por ele escolher outra mulher qndo a mãe morreu, e querer mudar o negócio da família… Achei aceitável.

    E realmente, o Akira foi jogado lá dentro, eles demoraram demais com o desenvolvimento desse personagem e acabou ficando vazio mesmo. Mas a maior relação dele é com o Tapioca, e isso foi bom e divertido.

    Mas a verdade é que pelo foco ser o desenvolvimento do Yuki como pessoa não a pescaria que esse animê é ótimo. A história é um slice of life romanceado, entre o sci-fi e os clichês de shounen. Mas ver um garoto mudo e desesperado se tornar uma pessoa sociavel e controlada, isso que é o mágico de Tsuritama. Mas quem sou eu pra falar? O gari é uma das pts preferidas da comida japonesa, amo gengibre.

    Mas não é pra qualquer um, realmente.

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