Super heróis patrocinados por empresas como Pepsi e Amazon participam de um reality show enquanto lutam para evitar o apocalipse: isto é Tiger and Bunny – The Rising.
Na grande metrópole de Sternbild, super heróis com poderes fantásticos participam de um reality show onde ganham pontos por salvar pessoas e prender criminosos. Ao final da temporada, aquele com maior pontuação é aclamado o Rei dos Heróis. Ao contrário do Superman ou do Homem Aranha, que agem na surdina, os heróis de Sternbild precisam fazer de tudo para chamar a atenção, pois vivem de patrocínio. Nesse ambiente altamente competitivo trabalham os heróis Kotetsu “Tiger” Kaburagi e Barnaby “Bunny” Brooks Jr., parceiros de personalidades opostas que têm o mesmo tipo de superpoder: aumentar em cem vezes a própria força física e velocidade por alguns segundos.
Tiger and Bunny – The Rising, filme de animação lançado este ano, é mais um dos vários frutos do sucesso do anime Tiger and Bunny que foi ao ar em 2011. Produção de baixo orçamento da Sunrise, o anime foi surpreendemente bem sucedido e gerou, além desse longa, outro filme lançado em 2012, The Beginning, três versões em manga (duas delas vieram para o Brasil pela editora Panini), jogo para PSP e outros produtos licenciados.

Alguns dos principais heróis de Sternbild
Você não precisa ter assistido o anime Tiger and Bunny para entender o filme Tiger and Bunny – The Rising. Entretanto, eu recomendo que você dê uma chance à série. É divertida, bacana, cheia de boas ideias e só tem 25 episódios. Para mais detalhes recomendamos a ótima resenha do Vídeo Quest que você pode ver AQUI.
The Rising é uma obra “dois em um”. Ao assisti-lo, a gente fica com a impressão de ver dois filmes diferentes interligados. Um deles é a trama principal, em que a dupla de heróis Kotetsu e Barnaby é desfeita por ordem do novo dono da Apollon Media, empresa para a qual trabalham. O veterano Kotetsu é demitido por ser “obsoleto” e Barnaby é forçado a aceitar um outro parceiro. Enquanto os dois tentam se ajustar à desagradável situação, três misteriosos vilões usam seus superpoderes para aterrorizar a cidade em ataques aparentemente aleatórios e sem sentido.
O outro filme é a subtrama que envolve Fire Emblem, amigo e colega de profissão de Kotetsu e Barnaby.
No anime Tiger and Bunny, Fire Emblem era apenas o personagem alívio cômico do grupo de heróis (muito divertido e simpático, aliás) e nada além disso. Já no filme, ele brilha. E, o mais curioso é que ele passa boa parte do filme sem fazer nada! Não vou dar spoiler, só digo uma coisa: não me lembro de ter visto uma história de preconceito, rejeição, culpa e aceitação tão bem contada em tão pouco tempo. Pelo menos, não numa produção mainstream.
Apesar disso, The Rising tem seus problemas, claro. A dinâmica da dupla Kotetsu e Barnaby, que era o motor da diversão na série, fica ameaçada logo no início do filme com os dois sendo separados. Entretanto, foi bem pensada a forma como isso aconteceu. Kotetsu sendo descartado como se fosse nada depois de anos de trabalho é um choque naquele universo de gente que controla o gelo, que voa ou solta raios de luz coloridos.
Tiger and Bunny é uma série onde a fantasia dos super heróis sofre ataques constantes de uma realidade cruel: as exigências do mundo corporativo, o medo de perder o emprego, a tristeza de ser rejeitado. O filme mantém essa característica tão interessante da série. Enfim, Kotetsu e Barnaby tendo que agir separados foi uma pequena decepção inicial para os fãs da série, mas é possível entender a razão do acontecimento para a trama.
Os novos vilões, entretanto, são um problema um pouco mais sério. Embora tivessem poderes interessantes e um bom design, não conseguiram chamar a atenção nem mesmo no nível dos vilões menores da série. Faça um teste: depois de assistir o filme, tente lembrar seus nomes e se sentiu raiva de algum deles. Em comparação, se você assistiu o anime, provavelmente vai lembrar os nomes de pelo menos dois ou três vilões e de um, no mínimo, deve ter sentido muita raiva.
No lado positivo, além da excelente sequência envolvendo o Fire Emblem, temos o Kotetsu “Wild Tiger” de volta com todo o seu charme e carisma. Enquanto que em muitos animes atuais os protagonistas são adolescentes vazios cuja única função é parecer badass, o Wild Tiger é um protagonista adulto, com questionamentos de adulto: como lidar com uma filha pré-adolescente, como encarar a perda de emprego, como manter a autoestima quando se é chamado de ultrapassado e inútil. Quando a série foi lançada, um comentário muito comum entre fãs do mundo todo foi, “ele é igual ao meu pai”. O que pode ser mais positivo do que a volta de um personagem que é tão humano e real?
The Rising dá continuidade à jornada pessoal do Kotetsu. O dilema entre largar a carreira de herói e dedicar mais atenção à família ou insistir em fazer o que gosta apesar de todos os problemas que isso acarreta começou na série e continua no filme. Além disso, existe a questão do relacionamento dele com seu parceiro. Os dois percorreram um longo caminho durante a série, mas fica claro que ainda não chegaram a realmente compreender um ao outro. Embora Barnaby tenha amadurecido e ele reconheça isso, Kotetsu ainda não consegue deixar de tratá-lo como criança em certos momentos. Por sua vez, Barnaby ainda não desenvolveu jogo de cintura o suficiente para lidar com o Kotetsu em seus momentos mais críticos. Por conta do limite de tempo o desenvolvimento desses temas não chega a ser tão bom no filme em comparação com a série mas ainda é bem interessante.

Três momentos na vida de Kotetsu: casamento, paternidade, viuvez. Observe a diferença no sorriso dele quando está sozinho com a filha.
É preciso mencionar também que Golden Ryan, o novo herói, saiu-se melhor do que o esperado, pelo menos em minha opinião. Ao vê-lo no trailer tinha a impressão de que ele ia ser apenas “o chato que roubou o lugar do Wild Tiger”, e, realmente, não se trata de um personagem dos mais bem construídos, porém revelou mais personalidade do que parecia ter inicialmente.
Pode-se dizer que a qualidade técnica do filme é muito, muito superior à da série. O design de modo geral, incluindo as pequenas mudanças no visual dos personagens, está bonito, as cenas de ação foram bem pensadas, desenhadas e animadas.
No geral, The Rising é um ótimo filme. Tem seus defeitos, mas nada que chegue a prejudicar a obra de verdade. Para quem viu e gostou da série, é obrigatório. Para quem não conhece, vale a pena arriscar. Se ainda tem dúvida, veja o trailer abaixo:
FONTES:
www.tigerandbunny.net (japonês)
pretendo ver parece q ficou muito bom
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Ficou mesmo ^^ Obrigada por comentar, Ravellino!
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^_^
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Eu vi a uns dias atrás é muito legal
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