Último dia de 2022, chega a hora de fazer um balanço das leituras feitas nesse período, mas dessa vez com comentários mais curtos pois foi bem mais do que no ano passado.
Sayonara, Eri – Tatsuki Fujimoto – One Shot

Na época em que vivemos é muito fácil descobrir os mangás que mais fazem sucesso, aqueles cuja base de fãs já indica um mínimo de qualidade, seja na arte, no roteiro ou mesmo no uso dos clichês. Muito mais difícil é darmos a possibilidade de ler algo desconhecido, sem críticas ou mesmo uma sinopse. Foi assim que, após a longa e decepcionante leitura de Naruto até o final, peguei esse one shot que havia baixado aleatoriamente.
Sayonara, Eri é uma aventura muito peculiar, simplesmente fantástica, quase um experimento vindo das mãos de alguém que sabe o que está fazendo. Pelo seu tamanho é difícil comentar sem acabar dando algum spoiler, mas a capacidade do autor em equilibrar uma proposta até bizarra com múltiplas páginas aparentemente sem nada e concluir em uma mistura entre o realismo e o fantástico me surpreendeu de uma maneira como poucos mangás haviam conseguido.
Boys Run the Riot – Keito Gaku – 4 Volumes

Tenho a impressão de que foi a primeira vez que vi uma representação realista de homens trans em mangá. Ao mesmo tempo que nos angustiamos com todo o sofrimento do Ryou em tentar simplesmente existir, desviando dos preconceituosos idiotas e das dificuldades que esse preconceito em situações que deveriam ser simples como estudar e trabalhar, também ficamos com o coração quentinho com seu crescimento, encontro e conexão consigo e com o mundo.
Um mangá que deveria ser utilizado em sala de aula para falar sobre gênero, expressão, identidade. Boys Run the Riot pode até deixar uma sensação de ter acabado muito rápido, queria muito ver se a marca deles iria se desenvolver, mas a verdade é que naquilo que realmente é importante para sua história – ter voz para expressar a si mesmo – não fica devendo em nada.
Summertime Render – Yasunori Tanaka – 13 volumes

Fácil a leitura que mais me prendeu em 2022! Como ando um pouco afastado do mundo de animes e mangás, tem muita coisa que eu vejo sendo comentada por cima, mas sem realmente saber do que estão falando. Lembro de ter visto quando o anime ia sair, até fiquei interessado na época, mas deixei pra depois.
A mistura de terror, mistério, sobrenatural e ficção científica me pegou de uma maneira que terminei os treze volumes em 6 dias – o que pra mim é uma leitura muito rápida! É verdade que o terço final perde um pouco do brilho do início e o avanço vai ficando um pouco arrastado, mas nada que diminua minha avaliação final.
Assassination Classroom – Yuusei Matsui – 21 Volumes

Durante muito tempo eu ouvia falar do sucesso de público e, principalmente, crítica que Assassination Classroom fazia no Japão e não entendia muito bem. Havia lido o primeiro volume quando a Panini começou a publicar, assisti aos primeiros episódios do anime e gostei, mas era pra tudo isso mesmo?
21 volumes depois e eu posso dizer que sim, era pra tudo isso! Assassination Classroom é a obra que todo mangá (dentro de seus objetivos próprios) gostaria de ser: divertido, interessante, inteligente, criativo, emocionante e com algo a dizer.
Além dessas obras que escolhi como as melhores leituras de 2022, também li:
- Horimiya: Terminei o que comecei ano passado e continuou só amor;
- Bokutachi ga Yarimashita: Tinha começado a ler anos atrás e esquecido completamente. História muito boa sobre buscar sentido no meio de uma vida traumática e vazia;
- Kuroko no Basket e Kuroko no Basket Extra Game: Mangá de esportes com “poderzinho”. Uma leitura gostosa e despretensiosa pra esqueccer logo em seguida;
- Diário da Minha Experiência Comigo Mesma: Não tem a mesma potência de “Minha Experiência Lésbica com a Solidão”, mas ainda assim é uma leitura bastante visceral e relevante saúde mental;
- Lady Snowblood e Lady Snowblood Gaiden: Clássico é clássico. O gaiden é dispensável, mas o original brilha na arte, na ambientação e, claro, na protagonista;
- Naruto: 72 volumes pra terminar com aquela vilã? Kishimoto, eu te odeio;
- Saint Seiya: Difícil de entender como essa obra se tornou imortal. A arte é ruim, o roteiro é ruim, o desenvolvimento é péssimo, o final é corrido. Nada se salva;
- Senhor dos Espinhos: Outro que havia lido o primeiro volume quando saiu no Brasil, mas não tinha continuado. Não chega a ser um desperdício de tempo, mas a promessa é muito melhor que o resultado final;
- Hajime no Ippo: Terminei a primeira parte do mangá, com a disputa do título mundial do Takamura. Sempre divertido, mas um pouco repetitivo.
E você, quais foram suas melhores leituras de 2022?