Não é só uma gripezinha!
Não acredito que o cenário pelo qual estamos passando não precise de muitas apresentações. Enfrentamos oficialmente desde o dia 11 de março a gigante pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Como poucas vezes visto na história da humanidade, a doença Covid19 vem se mostrando um enorme desafio a todos os países, mas em especial para aqueles que não se debruçam nas evidências científicas para enfrenta-la – caso do Brasil, infelizmente.
Muitos não devem saber, mas eu trabalho há alguns anos como psicólogo no maior hospital e pronto-socorro de Manaus, capital do Amazonas, estado atualmente com a maior mortalidade da doença no país (45 mortos por cada 100 mil habitantes). Sim, proporcionalmente morrem mais amazonenses da Covid19 do que paulistas, cariocas ou cearenses – outros estados com números elevados.
Durante esses eternos dois meses de enfrentamento dessa crise, acompanhei algumas dezenas de pacientes e familiares. Vi de perto o desespero de um pai, de uma mãe ao ter que entregar seus filhos aos cuidados da equipe de saúde sem poder ter contato pois ficam em isolamento. Estive ao lado de pacientes que poucas palavras conseguiam dizer em razão da dificuldade respiratória. Vi idosos em prantos com medo de morrer. Mesmo buscando ao máximo trazer contato, conforto e humanização a esses pacientes e familiares, foram tempos de desespero.